terça-feira, 30 de junho de 2009

Capítulo 23 - A primeira guerra mundial



A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra ocorrida devido pretensões imperialistas entre 1914 até 1918, com conflitos principalmente em regiões européias.

Antecedentes

Nas últimas décadas do século XX, o mundo assistiu à explosão de uma Guerra Civil na Iugoslávia que resultou no desmantelamento desse país e no surgimento da Eslovênia, Croácia e Bósnia-Herzegovina, como nações independentes.
O conflito entre sérvios, croatas e bósnios irrompeu em função das diversas étnicas, religiosas e políticas existentes entre eles.

As pretensões imperialistas ganharam profundos contornos a partir de 1870, pois, nessa época, a Europa Ocidental e também os Estados Unidos expandiram sua política econômica e organizaram poderosos impérios, devido à concentração de capitais procedentes do monopólio e da fusão das empresas. As indústrias pesadas exigiram a união das empresas, a fim de garantirem maiores lucros e bons preços. Por esse motivo, tornou-se acirrada a disputa de mercadoria e de fontes de matérias-primas.

Desde o Congresso de Viena, em 1815, a preocupação dos principais paises europeus passou a ser a busca da estabilidade internacional. Para isso, as nações buscaram o prestígio nacional e o fortalecimento militar, mantendo constante vigilância para impedir o crescimento das forças contrárias e a formação de alianças entre países afins. Esta inquietação ocorria mediante o "equilíbrio de poder".

Durante a metade do século XIX, as nações imperialistas dominaram povos e territórios em diversas partes do mundo. Assim, em poucas décadas, acumularam riquezas e aumentaram muito sua capacidade de produzir mercadorias. Da disputa por mercados consumidores entre essas nações nasceu a rivalidade. E desta, a Primeira Guerra Mundial. Além da disputa por mercados, existiram também outras razões para a eclosão da guerra. Abaixo, as mais importantes:

A rivalidade anglo-alemã: A origem dessa rivalidade entre a Inglaterra e a Alemanha foi a competição industrial e comercial. Em apenas três décadas, a contar de sua unificação, a Alemanha tornou-se uma grande potência industrial. Os produtos de suas fábricas tornaram-se mundialmente conhecidos, inclusive com enorme aceitação no mercado inglês. Fortalecida, a Alemanha passou a pressionar para que houvesse uma nova repartição do mundo colonial. A Inglaterra, por sua, vez, mostrava disposição em manter suas conquistas a qualquer custo.

A rivalidade franco-alemã: Na França, o antigermanismo também era muito forte, devido à derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana e à perda da Alsácia e da Lorena para a Alemanha.

A rivalidade austro-russa: A Rússia desejava dominar o Império Turco-Otamano, a fim de obter uma saída para o mar Mediterrâneo, e, também, controlar a península Balcânica. Para justificar esse expansionismo, criou o pan-eslavismo movimente político segundo o qual a Rússia tinha o "direito" de defender e proteger as pequenas nações eslavas da península Balcânica.

O nacionalismo da Sérvia: A Sérvia era uma pequena nação eslava independente, situada na região dos Bálcãs, que almejava libertar e unificar os territórios habitados pelos povos eslavos desta região. Opondo-se aos austríacos e aos turcos, a Sérvia aproximou-se cada vez mais da Rússia, que comprometeu-se a apoiá-la e a protegê-la militarmente. Quando, em 1908, a Áustria ocupou a Bósnia-Herzegovina, a Sérvia passou a conspirar abertamente contra a Áustria.

Capítulo 22 - As Américas no século XIX


As Américas no século XIX

O Brasil do século XIX, durante o império, era um Brasil de economia agro-exportadora, com
um fraco mercado consumidor decorrente da mão de obra escrava. Politicamente era dominado
por uma elite oligárquica que concentrava em suas mãos todos os privilégios, não
diferindo muito dos dias atuais. Possuía uma classe média fraca e indefinida, no início
do século, e uma classe operária que só teria alguma expressão nas duas últimas décadas.

Era um país, teoricamente, independente mas, na prática, dirigido pelos interesses estrangeiros, onde se destacava a Inglaterra. O setor industrial ainda era inexpressivo.

Esse quadro não se altera muito em relação aos outros países da América Latina, também subjugados pelo capital internacional, cujos benefícios, quando existem, favorecem apenas uma minoria privilegiada.
Antes, a América Latina, incluindo o Brasil eram colônias de países europeus.

No século XIX, independentes, continuam sendo explorados de outra forma: o neocolonialismo
ou imperialismo. Há que considerar, o fato de ter havido dois períodos colonialistas ou
imperialistas que apresentavam os mesmos objetivos, a exploração econômica, mas com características diferentes.

No antigo colonialismo, séculos XVI\XVII, as potências estrangeiras estavam interessadas na obtenção de produtos tropicais, metais preciosos e na exportação para as colônias de produtos manufaturados, com a finalidade exclusiva de acúmulo de capitais, em particular, metais preciosos.

Já nesse novo momento, século XIX, o imperialismo, baseava-se predominantemente no domínio econômico, sendo que no campo político o domínio era menos explícito. Os produtos que agora ambicionam e necessitam são, principalmente, carvão, ferro, petróleo e produtos alimentícios.
As potências industrializadas continuam exportando suas manufaturas, inundando os mercados consumidores da América Latina, mas, o mais importante é exportar para estas regiões subdesenvolvidas, os capitais excedentes que busca oportunidades mais lucrativas. Uma outra utilidade dos países subdesenvolvidos da América Latina é a de servir de área para despejar o excesso populacional dos países da Europa, o que motiva, no século XIX, uma intensa imigração.
A massa de imigrantes que deixa a Europa na Segunda metade do século XIX, chegando á
América Latina, transforma profundamente a paisagem humana.

Ate meados do século XIX, a América é um território eminentemente índio e negro. O novo fluxo migratório passa a valorizar as áreas temperadas da Argentina, do Uruguai e do sul do Brasil,
para onde se dirigem, sobretudo, os italianos. Á partir da Segunda metade do século XIX, a Argentina recebe, por volta de 6 milhões de imigrantes, o Uruguai, 1 milhão e o Brasil, entre Italianos, portugueses, espanhóis e alemães, recebe cerca de 3 milhões.

Para a Argentina e o Brasil, essa onda migratória tem importantes reflexos econômicos.
A Argentina de importadora de cereais, passa a exportadora de trigo.
No Brasil, o centro de gravidade econômica desloca-se definitivamente do norte para o
sul\sudeste, com predomínio de São Paulo;

A população branca tende a sobrepujar as outras etnias passando de 31% para 52%;
A crise da mão de obra na lavoura cafeeira, provocada pela extinção do tráfico de escravos, é,
enfim, superada.
Essa chegada maciça de imigrantes europeus que valorizam as áreas temperadas em detrimento
das tropicais, é notada hoje no maior desenvolvimento das regiões sul do Brasil e do restante da América Latina e foi fator importante para os países desenvolvidos, na medida em que promoveu
o fortalecimento do mercado consumidor nessas regiões devido á mão de obra assalariada.

A América Latina, ao longo do século XIX, foi pressionada por uma forma de dependência
colonial causada pelo grande volume de capitais que aqui aportaram.
Os investimentos britânicos vão se concentrar, predominantemente, na Argentina, onde
controlavam as estradas de ferro e frigoríficos, reduzindo-a á condição de colônia
financeira da Grã Bretanha.

Em segundo lugar, o Brasil, onde os investimentos se dirigem para a construção de estradas de ferro, portos, exploração de jazidas minerais, plantações de café, correios, etc visando criar uma infra-estrutura econômica que servisse de base á exploração das riquezas que interessasse mais diretamente ao capital internacional.

Em seguida vem outros países como o México, Chile ,Uruguai, Peru e Cuba.
O segundo grande investidor é a França e o terceiro,a Alemanha. A América latina, mesmo
depois de libertar do jugo colonial ibérico, foi incapaz de conduzir sua economia de forma independente, convertendo-se em fornecedora de matérias primas e alimentos.

De fato, a independência é apenas parcial, pois a exploração econômica continua em outras
bases, de modo que a independência econômica fica por concluir.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Capítulo 21 - O Imperialismo


Na segunda metade do século XIX, países europeus como a Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Itália, eram considerados grandes potências industriais. Na América, eram os Estados Unidos quem apresentavam um grande desenvolvimento no campo industrial. Todos estes países exerceram atitudes imperialistas, pois estavam interessados em formar grandes impérios econômicos, levando suas áreas de influência para outros continentes.

Com o objetivo de aumentarem sua margem de lucro e também de conseguirem um custo consideravelmente baixo, estes países se dirigiram à África, Ásia e Oceania, dominando e explorando estes povos. Não muito diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, que utilizou como desculpa a divulgação do cristianismo; o neocolonialismo do século XIX usou o argumento de levar o progresso da ciência e da tecnologia ao mundo.

Na verdade, o que estes países realmente queriam era o reconhecimento industrial internacional, e, para isso, foram em busca de locais onde pudessem encontrar matérias primas e fontes de energia. Os países escolhidos foram colonizados e seus povos desrespeitados. Um exemplo deste desrespeito foi o ponto culminante da dominação neocolonialista, quando países europeus dividiram entre si os territórios africano e asiático, sem sequer levar em conta as diferenças éticas e culturais destes povos.

Devido ao fato de possuírem os mesmo interesses, os colonizadores lutavam entre si para se sobressaírem comercialmente. O governo dos Estados Unidos, que já colonizava a América Latina, ao perceber a importância de Cuba no mercado mundial, invadiu o território, que, até então, era dominado pela Espanha. Após este confronto, as tropas espanholas tiveram que ceder lugar às tropas norte-americanas. Em 1898, as tropas espanholas foram novamente vencidas pelas norte-americanas, e, desta vez, a Espanha teve que ceder as Filipinas aos Estados Unidos.

Um outro ponto importante a se estudar sobre o neocolonialismo, é à entrada dos ingleses na China, ocorrida após a derrota dos chineses durante a Guerra do Ópio (1840-1842). Esta guerra foi iniciada pelos ingleses após as autoridades chinesas, que já sabiam do mal causado por esta substância, terem queimado uma embarcação inglesa repleta de ópio. Depois de ser derrotada pelas tropas britânicas, a China, foi obrigada a assinar o Tratado de Nanquim, que favorecia os ingleses em todas as clausulas. A dominação britânica foi marcante por sua crueldade e só teve fim no ano de 1949, ano da revolução comunista na China.

Como conclusão, pode-se afirmar que os colonialistas do século XIX, só se interessavam pelo lucro que eles obtinham através do trabalho que os habitantes das colônias prestavam para eles. Eles não se importavam com as condições de trabalho e tampouco se os nativos iriam ou não sobreviver a esta forma de exploração desumana e capitalista.

Capítulo 20 - A europa no final do seculo XIX


As modificações das estruturas político - econômicas na Europa no final do século XIX afetaram a sociedade mundial sob o ponto de vista cultural e transformaram as formas de agir e produzir, além de influir na vida cultural.

A França da III República (1871 - 1914) passou por períodos de paz e viu florescer partidos de direita e de esquerda, com programas radicais. Entre 1880 e 1881 votou-se as leis escolares que obrigaram à gratuidade do ensino primário, assegurando às crianças de ambos os sexos o ensino de qualidade. Esta lei foi de vital importância para garantir a ampliação dos conhecimentos, tornando o acesso ao saber mais democrático. Todos os países que passaram por esse tipo de transformação foram beneficamente afetados.

Na Alemanha houve a ampliação do Nacionalismo que tornou significativamente belicista as ações do novo império. Entre 1883 e 1889 Bismarck, que era o Chanceler, provou leis sociais que também foram importantes para setores da população que não tinham acesso a este tipo de melhoria até então: seguro de saúde, contra acidentes e invalidez.

Por toda a Europa houve uma ampliação das conquistas industriais e de transformações nas estruturas que possibilitaram novas condições de vida para os trabalhadores.

No entanto o período foi também de grandes crises e disputas entre os Estados que levaram a uma guerra de terríveis conseqüências populacionais para a Europa: a guerra de 1914 - 1918, ou a 1a Guerra Mundial. O mundo se viu envolto em práticas capitalistas que depois da intensificação de monopólios e uma política colonial agressiva, experimentou fortes métodos de cunho imperialista. A Inglaterra desenvolveu neste período uma forte política de expansão colonial e imperialista.

O Brasil nesta época também sofreu transformações importantes: de país com mão de obra escravocrata passou a ter mão de obra livre, de Monarquia para República com várias mudanças nas formas de viver o dia a dia de sua população. Pouco a pouco passou-se a contar com reflexos da modernização: a presença de cinematógrafos, iluminação nas ruas, vacinas para garantir vida mais saudável às populações urbanas e a incorporação, através das novidades divulgadas pela imprensa, dos grandes feitos científicos europeus.

A transição do século XIX para o XX foi também de estabelecimento de novas estruturas comerciais e financeiras que mudaram as características de cidades brasileiras, sobretudo o Rio de Janeiro, capital do Império e depois Capital Federal ( na República) que sofreu grandes modificações urbanas, como as reformas do Prefeito Pereira Passos que desejava transformá-la em uma moderna capital, nos moldes europeus.

Capitulo 19 – A unificação da Itália e da Alemanha

A Unificação Italiana


A configuração político-territorial da Itália, no início de século XIX, sofreu grande intervenção por parte das medidas firmadas pelo Congresso de Viena de 1814. Com os acordos consolidados, a atual região da Itália ficou dividida em oito estados independentes, sendo que alguns deles eram controlados pela Áustria.

Nesse mesmo período de recondicionamento da soberania monárquica, movimentos nacionalistas afloraram em diferentes partes da Itália. Ao mesmo tempo, as motivações e projetos desses grupos nacionalistas eram bastante variados. Envolvendo grupos de trabalhadores urbanos e rurais e alcançando até mesmo a burguesia nacional, o Ressurgimento manifestava-se em ideais que passavam por tendências republicanas e, até mesmo, monárquicas.

Outra interessante manifestação nacionalista também pôde ser contemplada com o aparecimento dos carbonários. A ação dos carbonários se estabeleceu ao sul da Itália sob a liderança do comunista Filippo Buonarotti. Lutando contra a ação dos governos absolutistas, o carbonarismo foi um dos mais importantes movimentos nacionalistas de bases popular da Itália.

Em 1831, Giuseppe Mazzini liderou outro movimento republicano representado pela criação da Jovem Itália. Mesmo não obtendo sucesso, o nacionalismo italiano ainda teve forças para avivar suas tendências políticas. No ano de 1847, uma série de manifestações antimonárquicas tomou conta da região norte, nos reinos de Piemonte e Sardenha, e ao sul no Reino das Duas Sicílias. No Reino da Lombardia consolidou-se um dos maiores avanços republicanos quando o rei foi obrigado a instituir um Poder Legislativo eleito pelos cidadãos.

Mesmo com a agitação dessas revoltas, a presença austríaca e o poder monárquico conseguiram resistir à crescente tendência republicana. Só com o interesse da burguesia industrial do norte da Itália, politicamente patrocinada pelo primeiro-ministro piemontês Camilo Benso di Cavour, que o processo de unificação começou a ter maior sustentação. Angariando o apoio militar e político dos Estados vizinhos e do rei francês Napoleão III, em 1859, a guerra contra a Áustria teve seu início.

Temendo a deflagração de movimentos de tendência socialista e republicana, o governo Francês retirou o seu apoio ao movimento de unificação. Ainda assim, Camilo di Cavour conseguiu unificar uma considerável porção dos reinos do norte. Nesse mesmo período, ao sul, Giuseppe Garibaldi liderou os “camisas vermelhas” contra as monarquias sulistas. Para não enfraquecer o movimento de unificação, Garibaldi decidiu abandonar o movimento por não concordar com as idéias defendidas pelos representantes do norte.

Dessa maneira, os monarquistas do norte controlaram a unificação estabelecendo o rei Vítor Emanuel II. No ano de 1861, o Reino da Itália era composto por grande parte do seu atual território. Entre 1866 e 1870, após uma série de conflitos, as cidades de Veneza e Roma foram finalmente anexadas ao novo governo. A unificação da Itália teve seu fim no ano de 1929, quando após anos e anos de resistência da autoridade papal, o tratado de Latrão completou a formação da nação italiana.

Apesar de representar uma luta histórica ao longo do século XIX, a unificação italiana não conseguiu prontamente criar uma identidade cultural entre o povo italiano. Além das diferenças de cunho histórico, lingüístico e cultural, a diferença do desenvolvimento econômico observado nas regiões norte e sul foi outro entrave na criação da Itália.


A Unificação da Alemanha


A Alemanha, em meados do século XIX, era formada por uma confederação de principados e Estados com sede na cidade de Frankfurt. A Prússia e a Áustria ocupavam um lugar de destaque na confederação, procurando manter o equilíbrio entre as forças revolucionárias que ameaçavam a aristocracia conservadora (junkers).
Em meados do século XIX, a agricultura era a principal atividade econômica, permanecendo as relações feudais de produção.

O poder dos junkers apoiava-se na manutenção do exército mercenário e na aquisição de terras extorquidas aos camponeses. À semelhança do que se registrava em outros países europeus, também entre os germânicos ocorria à concentração de mão-de-obra nos centros urbanos, procedentes da exclusão rural. O desemprego e as más condições de vida decorrentes desta situação provocaram revoltas e motins.

As atividades industriais desenvolvidas nas regiões da Renânia, Westfália, Silésia e Saxônia esbarravam na diversidade alfandegária dos diferentes reinos, emperrando o desenvolvimento capitalista. Para eliminar este problema, fundou-se a Associação Geral para o Comércio e Indústria, e, posteriormente, sob a liderança da Prússia, surgiu a união alfandegária – o Zollverein. Através desse acordo, foi criada uma liga aduaneira que aboliu os impostos alfandegários entre os vários Estados germânicos com a exclusão da Áustria.

Essa medida promoveu a livre circulação de mercadorias, favorecendo, desta forma, o comércio entre os vários Estados e impulsionando o desenvolvimento industrial.
Em termos políticos, diferentes ideologias foram se firmando em projetos distintos:

Os grandes industriais desejavam reformas garantidas por uma constituição;
A pequena burguesia pretendia a democracia (igualdade de direitos e soberania popular), defendia a federação e não o centralismo unitário;
As lideranças urbanas e o operariado partilhavam das idéias socialistas.

Diante do clima propício às agitações sociais, a nobreza buscou o apoio da burguesia para conter as classes sublevadas. A burguesia, por sua vez, agilizou reformas constitucionais que atendessem às suas aspirações. O rei da Prússia, Guilherme I, apoiado na força dos junkers, deu a presidência do Parlamento a Otto von Bismarck.

Capítulo 18 - Liberalismo e Nacionalismo no século XIX


O Congresso de Viena
Napoleão Bonaparte comandou a invasão de muitos países europeus. Ele tentou acabar com o antigo regime. Implantou leis baseadas no Código Civil. Desse modo, a Revolução Francesa espalhava seus ideais. No entanto, ele foi vencido por uma união da forças da Inglaterra e por países ainda do Antigo Regime. Os representantes desses países (‘vencedores’) se reuniram no Congresso de Viena, com o objetivo de desfazer o que Napoleão havia feito na Europa.Esses representantes queriam apagar o passado revolucionário. Seria como se o Antigo Regime nunca tivesse sido abalado e Napoleão não tivesse nem nascido. Os antigos reis absolutistas voltaram a governar e leis que favoreciam os aristocratas foram reativadas. A fim de evitar novas revoluções, os governos formaram uma união militar, chamada Santa Aliança. Toda vez que estourasse uma revolução num país da Europa, a Santa Aliança enviaria tropas para acabar com o movimento.
Eles acreditavam que podiam manter o Antigo Regime para sempre. Mas os acontecimentos mostraram que não era possível. Quanto mais as cidades e as indústrias iam crescendo, mais fortes ficavam a burguesia, os intelectuais e os operários (forças sociais que rejeitavam o Antigo Regime).

O Liberalismo
Os aristocratas podiam estar satisfeitos com a situação da Europa pós-Congresso de Viena, mas grande parte da população não estava. Burgueses, intelectuais, artesãos... tinham motivos de sobra para se sentirem oprimidos pelo absolutismo. As idéias políticas liberais conquistaram muitos adeptos entre esses grupos sociais. O liberalismo político tinha origem nas idéias dos iluministas. Os liberais defendiam em primeiro lugar as liberdades individuais: a liberdade de discordar do governo, de protestar, etc.
Mas nem todos os liberais eram democratas. Os liberais tradicionais queriam que o voto fosse censitário, ou seja, consideravam que só as pessoas com boa posição social deveriam ter o direito de voto. Já os liberais radicais (democratas) discordavam. Eles defendiam o sufrágio universal, ou seja, o direito de voto para todos.

O Nacionalismo
A Itália e a Alemanha eram compostas por dezenas de pequenos Estados. O que os alemães e os italianos queriam era a união desses pequenos Estados em um só.
O Liberalismo era o movimento político em favor da liberdade dos indivíduos, e o Nacionalismo era o movimento político em favor da liberdade e da autonomia dos povos, do direito de criarem seus próprios estados.

As revoluções na França
Nos anos de 1820, 1830 e 1848, estouraram diversas rebeliões populares. Logo após o Congresso de Viena (1815), a França foi governada pelo rei Luís XVII. Ele não foi um monarca absolutista. Perseguiu os que simpatizavam com a revolução de 1789 ou com Napoleão Bonaparte.
A partir de 1824, o rei Carlos X assumiu o trono. Ele censurou a imprensa e reprimiu os opositores ao regime.Em 1830, a população se rebelou em Paris e o rei Carlos X teve de renunciar. Assumiu então um novo rei, Luís Filipe de Orléans.
O rei Luís Filipe ficou conhecido como o “rei dos banqueiros” (indica que ele favoreceu os grandes capitalistas). Durante seu reinado, a França teve um período de grandes avanços econômicos e industriais. Mas cresceu a desigualdade social. Os burgueses iam ficando milionários, enquanto os operários permaneciam na penúria. Em 1848, houve uma grande crise econômica. Os salários baixaram e o desemprego cresceu, as colheitas foram ruins e a comida escasseou. A insatisfação popular explodiu numa grande revolução. Operários e artesãos juntaram-se a estudantes e pequenos burgueses, e tomaram as ruas da capital. O rei Luís Filipe foi derrubado. A França voltava a ser uma república.
Os principais partidos políticos de oposição organizaram um governo provisório. Esses “socialistas” defendiam reformas, como o sufrágio universal e a criação de oficinas de artesanato do Estado, que dariam trabalho aos desempregados.
Diante da grave situação econômica, os operários de Paris se rebelaram. Foram duramente reprimidos pela Guarda Nacional, e as ruas da capital ficaram tomadas por cadáveres e poças de sangue. A grande burguesia saiu vencedora.
Nessa época houve eleições para um novo presidente da República. As pessoas queriam a ordem e a tranqüilidade a qualquer preço. Então, Luís Bonaparte foi eleito presidente da França. Ele era sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte, e usou o sobrenome ilustre para prometer dias fantásticos para a França. Apoiado pela burguesia e pelos militares, liderou em 1852 um golpe de Estado e tornou-se ditador.

A Primavera dos Povos
O ano de 1848 foi o mais revolucionário do século XIX, em muitas regiões. Por isso recebeu o apelido de o ano da Primavera dos Povos. Em vários outros países europeus eclodiram revoltas populares. Nas principais cidades homens e mulheres ocuparam as ruas, ergueram barricadas (usaram entulhos para bloquear as ruas) e enfrentaram as tropas dos governos autoritários.

Capítulo 17 - Pensamento Revolucionário do Século XIX


Socialismo Utópico
No século XIX, diferentes pensadores tentaram refletir sobre os problemas causados pelas sociedades capitalistas em desenvolvimento. Ainda fortemente calcados nas idéias do pensamento iluminista, esses pensadores continuaram a buscar no racionalismo a saída para as contradições geradas no interior do pensamento capitalista. No entanto, esses não faziam uma crítica radical ao capitalismo, pois ainda defendiam a manutenção de suas práticas mais elementares.

Chamados de socialistas utópicos, esses pensadores deram os primeiros passos no desenvolvimento das teorias socialistas. Os seus principais representantes são Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier. Entre eles, podemos perceber claramente a construção de uma sociedade ideal, onde se defendia a possibilidade de criação de uma organização onde as classes sociais vivessem em harmonia ao buscarem interesses comuns que estivessem acima da exploração ou da busca incessante pelo lucro.

O industriário britânico Robert Owen (1771 – 1858) acreditava que o caráter humano era fruto das condições do local em que ele se formava. Por isso, defendeu que a adoção de práticas sociais que primassem pela felicidade, harmonia e cooperação poderiam superar os problemas causados pela economia capitalista. Seguindo seus próprios princípios, Owen reduziu a jornada de trabalho de seus operários e defendeu a melhoria de suas condições de moradia e educação.

Charles Fourier (1770 – 1797) criticou ferrenhamente a sociedade burguesa. Em seus escritos, defendeu uma sociedade sustentada por ações cooperativas. Nelas, o talento e o prazer individual possibilitariam uma sociedade mais próspera. A sociedade burguesa, marcada pela repetição e a especialidade do trabalho operário, estava contra este tipo de sociedade ideal. Além disso, Fourier era favorável ao fim das distinções que diferenciavam os papéis assumidos entre homens e mulheres.

Por meio do cooperativismo, do prazer e das liberdades de escolha a sociedade iria criar condições para o alcance do socialismo. Nesse estágio, a comunhão entre os indivíduos seria vivida de maneira plena. Sem almejar a distinção ou a disputa, as famílias de trabalhadores viveriam nos falanstérios, edifícios abrigados por 1800 pessoas vivendo em plena alegria e cooperação.

Saint-Simon (1760 – 1825), acreditava que uma sociedade dividia-se entre os produtores e ociosos. Por isso, defendeu outra sociedade onde a oposição entre operários e industriais deveria ser reconfigurada. Para isso, ele pregava a manutenção dos privilégios e do lucro dos industriais, desde que os mesmos assumissem os impactos sociais causados pela prosperidade. Dessa forma, ele acreditava que no cumprimento da sua responsabilidade social, o industriário poderia equilibrar os interesses sociais.

Socialismo Científico de Marx e Engels
Teoria política elaborada por Karl Marx e Friedrich Engels entre 1848 e 1867. Essa corrente deriva da dialética (resultado da luta de forças opostas) hegeliana e é influenciada pelo socialismo utópico e pela economia inglesa. A partir do materialismo histórico, prevê o triunfo final dos trabalhadores sobre a burguesia. Marx chama de comunismo essa sociedade e de socialismo o processo de transição do capitalismo ao comunismo.
Karl Heinrich Marx (1818-1883)
Filósofo, economista e militante revolucionário alemão de origem judaica. Estuda filosofia nas universidades de Berlim e Lena.. Seus artigos pró-democracia irritam as autoridades e o levam a exilar-se em Paris dois anos depois. Ali conhece Friedrich Engels, com quem manteria colaboração até o fim da vida. Em 1848 o início de revoluções na França e na Alemanha coincide com a publicação do Manifesto comunista, em que Marx e Engels afirmam que a solidariedade internacional dos trabalhadores em busca de sua emancipação supera o poder dos Estados nacionais. Junto com Engels prega uma revolução internacional que derrube a burguesia e implante o comunismo, nova sociedade sem classes. Publica em 1867 o primeiro volume de sua obra mais importante, O capital. Os volumes seguintes dessa obra, para a qual reuniu vasta documentação, seriam publicados somente depois de sua morte. Para Marx, o capitalismo é a última forma de organização social baseada na exploração do homem pelo homem. Marx é sustentado por Engels durante a maior parte de sua vida e morre no exílio em Londres.
Friedrich Engels (1820-1895)
Filho de um rico industrial de Barman (Alemanha), é o principal colaborador de Karl Marx na elaboração das teorias do materialismo histórico. Na juventude, fica impressionado com a miséria em que vivem os trabalhadores das fábricas de sua família. Quando estudante, adere a idéias de esquerda, o que o leva a aproximar-se de Marx. Assume por alguns anos a direção de uma das fábricas do pai em Manchester e suas observações nesse período formam a base de uma de suas obras principais, A situação das classes trabalhadoras na Inglaterra, publicada em 1845. Muitos de seus trabalhos posteriores são produzidos em colaboração com Marx, o que lhe valeria a fama injusta de ser apenas um ajudante. Escreve sozinho, porém, algumas das obras mais importantes para o desenvolvimento do que viria a ser chamado de marxismo, como Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia alemã, A evolução do socialismo de utopia a ciência e A origem da família, da propriedade privada e do Estado.

O Anarquismo
O anarquismo foi um movimento que surgiu na mesma época em que emergiu o socialismo de Marx e Engels. O termo fundamental da teoria é o fim do Estado, já que existe a crença de que o mesmo é nocivo e desnecessário para a sociedade e que favorece exclusivamente as classes dominantes – no caso da época, a burguesia. A característica anarquista é a crença na liberdade e ordem obtida de forma espontânea, sem a intervenção do Estado através de leis.
Para os anarquistas, deveria haver uma sociedade sem Estado, equilibrada na ordem, na liberdade de forma voluntária e na autodisciplina. No caso, o Estado seria uma abstração, uma ficção, uma mentira, que defendia apenas as classes mais altas e deveria ser extinto. Entretanto, os anarquistas são a favor de uma forma de organização voluntária, sendo que os seres humanos deveriam ter a liberdade espontânea sem ter que seguir diretrizes partidárias, assim, a própria comunidade deveria se reunir para tomar decisões de seu interesse, desenvolvendo a responsabilidade pelo seu grupo social, ou seja, sem a existência do Estado e de leis, pois para os anarquistas, as instituições sociais de caráter autoritário impedem que o ser humano desenvolva uma perspectiva cooperativa.

A Primeira Internacional
A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), às vezes chamada de Primeira Internacional, foi uma organização que procurou unir vários grupos políticos de esquerda e sindicatos baseados na classe operária. A organização foi criada em 1864 em Genebra. Uma decisão importante naquele evento foi a adoção da jornada de trabalho de oito horas como um dos objetivos fundamentais da associação.